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Almanak do Amigo dos Surdos Mudos

09 ago 2014

Artigo arquivado em Hemeroteca
e marcado com as tags Acessibilidade, Instituto dos Surdos-Mudos do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Segundo Reinado

Lançado na capital do Império em 1888, o Almanak do Amigo dos Surdos Mudos era um anuário de cerca de 30 páginas, voltado ao público surdo. Distribuído gratuitamente, em sua capa era sinalizado como um periódico de “Propaganda em favor de 12.550 brazileiros! Lêde e vulgarizae”. Foi criado e editado pelo Instituto dos Surdos Mudos do Rio de Janeiro, o atual Instituto Nacional de Educação de Surdos, criado informalmente em 1856 por iniciativa do surdo francês E. Huet – em 1857 a entidade passou a ser subvencionada pelo Império, tornando-se um órgão público.

Na segunda edição do almanaque, de 1889, um breve editorial expunha:
Em vinte annos de existencia favorecida pelo Estado, ainda não conseguio o Instituto dos Surdos-Mudos do Rio de Janeiro reunir muito mais de... trinta alumnos. Este facto, que contrista pela circumstancia aggravante de haver no Brasil cerca de doze mil surdos-mudos, demonstra a improficuidade dos avisos, relatórios e circulares como instrumentos de vulgarisação. Urge, empregar outros meios mais positivos. (...) Por nossa parte, começamos o anno passado, e continuaremos sem treguas, o presente almanak, cuja distribuição profusa e gratuita assegura uma propaganda bastante efficaz.

Basicamente, o Almanak do Amigo dos Surdos Mudos trazia estatísticas sobre a presença de surdos na sociedade brasileira (com recenseamento realizado em cada província e divisões dos grupos regionais entre homens, mulheres, cidadãos livres e escravos), textos sobre questões relativas à educação de surdos e ao seu aprendizado da fala, informações gerais e documentos do Instituto dos Surdos Mudos (regulamentos, regimento interno, relatórios, etc.), compilações de matérias sobre a oralização de surdos na imprensa diária, listas com surdos célebres nas artes, calendários, aforismos, bibliografia concernente à educação de surdos e trechos de alguns destes livros, homenagens a figuras públicas importantes ao Instituto dos Surdos Mudos, fotografias, entre outras coisas.

Sabe-se que o Almanak do Amigo dos Surdos Mudos teve pelo menos duas edições. Como o Instituto dos Surdos Mudos era previamente financiado pelo governo monárquico, as mudanças na gestão pública ocasionadas pelo fim da coroa em 1889 podem ter interferido na administração da entidade e, consequentemente, na continuidade do periódico.

Fontes:

ROCHA, Solange Maria da. História do INES. Disponível em: http://www.ines.gov.br/institucional/Paginas/historiadoines.aspx Acesso em 27 nov. 2012.