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Myrto e Acacia

30 mar 2015

Artigo arquivado em Hemeroteca
e marcado com as tags Ciências Ocultas, Filosofia, Literatura, Paraná, Poesia, Religião, Simbolismo

Fundado em Curitiba (PR) em janeiro de 1916 e dirigido por Dario Vellozo, Myrto e Acacia foi um “Orgam do Instituto neo-Pythagorico”. Inicialmente em periodicidade entre bimestral e trimestral (depois irregular), circulou em formato pequeno, quase sem imagens e com diagramação semelhante à de livros. Sua assinatura podia ser feita anualmente, pela importância de 5$000. O periódico teve vida curta: a edição nº 21 do ano 5, de 1920, foi a derradeira de Myrto e Acacia.

O Instituto Neo-Pitagórico foi criado pelo próprio Dario Vellozo em 26 de novembro de 1909, inspirado no Instituto de Pitágoras, fundado pelo filósofo no século VI a.C. em Crótona, na Magna Grécia. Guiado pelos princípios da amizade, do estudo e do altruísmo, o Instituto Neo-Pitagórico ainda existe, apresentando-se como uma fraternidade voltada “ao estudo, ao desenvolvimento das faculdades superiores do Ser, ao altruísmo, inspirado nos Versos de Ouro de Pitágoras, para a Cultura, para a Verdade, para a Justiça, para a Liberdade, para a Paz, para a Fraternidade e para a Harmonia”. Sua sede inicial aparentemente funcionou no nº 22 da Praça Zacarias, mas, desde 1918, a instituição se encontra no chamado “Templo das Musas”, no bairro de Vila Izabel, construção tombada como patrimônio cultural do Estado do Paraná (todas as edições de Myrto e Acacia de 1918 e 1919 destacavam a nova sede do instituto).

Voltado à difusão do Método Pitagórico, também conhecido como Método Integral do Conhecimento, Myrto e Acacia, basicamente, reunia artigos escritos por e para os membros do Instituto Neo-Pitagórico. Abordava assuntos como estudos pitagóricos, questões filosóficas e educacionais, ciências antigas e modernas, misticismo, ética, espiritualidade, questões sociais, a busca pela sabedoria, maçonaria, filosofia e religiões orientais, arte, comportamento, nutrição, amparo à criança, a missão Rondon (ver edição nº 5 do ano 2, do outono de 1917), entre outras coisas. Adicionalmente, o periódico publicava notas sobre leituras de autores do Método Pitagórico, recomendações de livros para estudo, pensamentos diversos e aforismos, disposições e informações gerais sobre o instituto, discursos transcritos, atas de reuniões, balancetes, textos transcritos de outras publicações, homenagens a membros do instituto recentemente falecidos, prosa e poesia, etc.

Boa parte dos colaboradores de Myrto e Acacia assinava seus textos com pseudônimos – assim como Curitiba era tratada como “Nova Crótona”. Assim, além de Dario Vellozo, o anuário contou com textos de Apollonio de Tyana, Auvard, Schultz, Urania, Eurytus, Hypathia, Porthos Vellozo, Domingos Nascimento, Euzébio Mota, Laura Loyola de Oliveira (Theoclea), Hermes Leo, Alex G. Perry, Theano, Xenokrates, Aristeo Seixas, A. P. Barros, Daphnè, Pico da Mirandola, Marconis, Athenè, Aristoxenes, Anaxagoras II, Jocelyn Lopes, Allyrio de Souza, Alves de Farias, Sebastião Paraná, Jesuíno Silva, Lacerda Pinto, Veríssimo de Souza, Ophelia Bernardi, Júlio Hauer, Lúcio Celis, Cícero Flozini, Cyrillo Flozini, Domingos Duarte Vellozo, Hugo dos Reis, Petit Carneiro, Heitor Stockler, entre outros. O periódico tinha agentes e correspondentes em outras cidades do Brasil.

Em seu primeiro ano de edição, o periódico formava um volume com 350 páginas, correspondente às edições do nº 1 do ano 1, de janeiro/fevereiro de 1916, ao nº 4 do ano 1, de outubro/novembro/dezembro de 1916, mais dois suplementos lançados em 1916: “Torre da Idea – Parábola do conhecimento”, de autoria de Xenokrates (também identificado pelas iniciais L. N. P.) e “Doutrinas do Buddhismo”, de Jeanne-Lydie Sawyer.

A partir do ano seguinte, 1917, o número de páginas que formavam os volumes com todas as edições lançadas em um ano foi minguando. Em 1918, pela primeira vez, o periódico saiu com numeração aglutinada (o nº 9/10, ano 3, correspondente ao outono e ao inverno de 1918), sinal de que sua periodicidade não andava regular. O volume 3 de Myrto e Acacia, com edições de 1919, chegou a somar apenas 78 páginas. Depois, em 1920, o volume anual do periódico veio com 134 páginas. Este último volume foi formado por apenas duas edições: as edições nº 17-20 e nº 21 do ano 5, ambas datadas apenas de 1920.

Fontes

- Acervo: edições do nº 1, ano 1, de janeiro/fevereiro de 1916, ao nº 21, ano 5, de 1920.

- Contato com Anael Pinheiro de Ulhôa Cintra, presidente do Instituto Neo-Pitagórico. Via e-mail: neo@pitagorico.org.br

- Instituto Neo-Pitagórico. Disponível em: http://www.pitagorico.org.br/modules/content/index.php?id=1