BNDigital

Reform - Organ für die gesamten Interessen der Kolonie Dona Francisca

07 abr 2015

Artigo arquivado em Hemeroteca
e marcado com as tags Alemães no Brasil, Imigração, Imprensa imigrante, Santa Catarina

Lançado em janeiro de 1887, o jornal Reform foi, segundo seu subtítulo, um órgão voltado aos interesses da Colônia Dona Francisca, como era chamada a hoje cidade de Joinville (SC). Fundado por Robert Gernhard, o jornal era totalmente voltado aos imigrantes alemães da região, praticamente sem textos em português, circulando como bissemanário de ênfase predominantemente política.

Reform surgiu de outro jornal colonial alemão de R. Gernhard, o Neue Kolonie-Zeitung, que havia sido criado em 25 de dezembro de 1885 com a finalidade de defender a candidatura do advogado liberal Francisco Antunes Maciel para deputado provincial nas eleições de 15 de janeiro de 1886. Com a extinção de Neue Kolonie-Zeitung no fim de 1886, Reform foi projetado para a continuidade da linha política de seu editor, que, basicamente, apenas trocou o título do periódico.

A nova folha de Gernhard herdara da antiga seu principal desafeto, de nome semelhante, o jornal Kolonie Zeitung (na época, não havia outro periódico na cidade). Segundo este, em edição do dia 14 de janeiro de 1887, Reform, fundado na semana anterior, havia sido viabilizado através do capital reunido por 20 cidadãos joinvillenses, que compraram uma prensa e a alugaram a Gernhard. Possivelmente, as figuras que se uniram na aquisição da prensa eram figuras políticas locais que posteriormente exerceriam sua influência sobre a linha editorial do jornal.

Além de sua linha voltada à política, Reform abordou assuntos diversos, mais ou menos voltados ao cotidiano colonial local: agricultura, finanças, efemérides regionais, questões ligadas a processos de colonização (incluindo relações entre o governo e a colônia), casos de polícia, questões sócio-políticas europeias (com especial atenção à política na Alemanha), identidade cultural germânica, etc. Eram ainda publicados noticiário geral de inúmeras cidades brasileiras e europeias, informes e editais oficiais, avisos a pedidos, folhetins (como “Die Schwestern”, de P. Rudolf), versos e anúncios publicitários.

Em 15 de novembro de 1889, Reform foi condenado em um processo de calúnia movido por C. Fabri, representante da Sociedade Colonizadora, pela publicação de um texto considerado difamador à entidade. Em defesa, Robert Gernhart e seus companheiros, haviam apontado como responsável pelo texto um indivíduo de nome Crispim, analfabeto e sem conhecimento da língua alemã. O caso havia mobilizado 156 cidadãos joinvillenses, que mandaram um ofício ao presidente da Província em apoio ao denunciante e ao juiz. A partir da data da condenação, Reform não circulou mais.

Como o dia da conclusão do processo contra Reform coincidisse com o da Proclamação da República no Brasil, em 19 de novembro daquele ano Kolonie Zeitung comemorava: a cidade “se livrou da influência tão nociva ao bom entendimento da população, do ‘Reform’ e seus companheiros, do mesmo modo como o Brasil se livrou da Monarquia...”. Antes que uma junta governativa republicana assumisse o poder de Joinville, houve uma manifestação popular para que determinadas figuras locais fossem expulsas da cidade – embora não existam confirmações, esse pode ter sido o destino de Robert Gernhard e seus companheiros. No entanto, apesar do processo e da interrupção na circulação do jornal, o acervo de publicações seriadas do Arquivo Público de Joinville possui um exemplar de um periódico intitulado Reform com o número 318 e a marca de “ano 4”, datado de 5 de fevereiro de 1890. Gernhard aparece no expediente desta edição como o editor do jornal, portanto, ao que tudo indica, a folha teve uma sobrevida.

Fontes

- Acervo: edições do nº 23, ano 1, de 23 de março de 1887, ao nº 204, ano 2, de 29 de dezembro de 1888.

- HERKENNHOFF, Elly. História da imprensa de Joinville. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 1998.